sexta-feira, 26 de julho de 2013

Crepúsculo dos ídolos

Meus astros caíram da redoma do ideal. Foi numa noite muito fria, nas alturas da escada que construí para alcançá-los e que já ultrapassa suas casas há muitos metros. Era eu quem então assumia o lugar no topo. Ali não era tão confortável quanto imaginei. A qualquer vacilo poderia cair. E cairia como um deles, não pertencendo mais aos lugares de onde vim. É preciso de um pouco mais de força, de um certo equilíbrio. 

Aqui a gravidade é outra e a gravidade como as coisas são encaradas também. Aqui se pode ser pai, professor, psicólogo, irmão, amigo e muito mais. Faz-se compreensível a dificuldade pela qual os que me antecederam passaram - aqui, mas sempre lá, sempre adiante... Falta-me uma casa por essas bandas,  assim como faltam outros passos por esses altos terrenos. Será interessante, isso eu já posso dizer. Resisti no início, mas acredito que será interessante. 

E mesmo aqui onde me encontro, não pretendo esquecer os degraus por onde vim. Ainda vou descê-los mais de uma vez e a minha casa será onde eu estiver. Nesse processo o que aproveitei mesmo foi o desenvolver da minha capacidade de criar, de transpor o ideal para o plano do real e ainda poder sonhar, criando objetos fantásticos no palco dos sonhos, dos olhos que se fecham, voltam-se para dentro, descansam e retornam para encarar tudo a sua volta com ânimo renovado - e quantos olhos temos quando estamos juntos! 

A felicidade de desmistificar uma estrela é entender do que ela é feita e como ela foi parar ali, para que disso se possa criar uma constelação própria, apropriando-se da vida em toda sua potencialidade.


Gabriel Bernardi



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