domingo, 18 de agosto de 2013

A corda

Sou vítima de uma fome
de uma vontade que nasce
cresce e quer me engolir
admito o medo, pois agora
mas só por hora
sinto a prisão de amarras
e por aqui vou desviando
da fome e suas garras

Sinto outro desejo
também daqui de dentro
gêmeo da fome e diferente
querendo seguir em frente
ajudando a desfazer o nó
a mover minhas pernas
e buscar outros ares sem
esse gosto parente do pó

Se um não matar o outro
estou feliz
quem nunca viveu a vida
sem tombo ou cicatriz?


Gabriel Bernardi

sábado, 10 de agosto de 2013

A cada dia chuvoso, uma árvore renasce



os botões de rosa estão florescendo
em árvores que ajudei a regar
mesmo quando não estou por perto
as rosas continuam a brotar

enquanto uma planta cresce
há tanto mais a se admirar
em outras primaveras ou nas
plantas flutuantes do mar
 
cavo mais fundo em meu eu
para plantar e renascer o mundo
jogo as sementes à sorte do breu
esperando por um pouco de tudo

o peito que aperta de vez em quando
e só a chuva é capaz de envolver
noutros momentos quer abrir de vez
e admitir que sempre esteve amando

o problema é que nunca esteve a mando
de ninguém a não ser de seu desejo
como a árvore só verdeja em sua terra
da raiz do seu solo virá seu ensejo


                                                                               Gabriel Bernardi