domingo, 27 de janeiro de 2013

Sem um coração mar é breu

Passa
a pasta
no dorso

Pula
se joga
num sopro

Sente
a onda
no corpo

Surge
de volta
no topo

Molha
com água
o rosto

Maré
céu solar
um fosso

Mar é
seu olhar
seu rosto


Gabriel S. C. Bernardi

sábado, 19 de janeiro de 2013

Cena na biblioteca

- Ainda bem que o pensamento não tem som!
Ouço um resmungo em resposta.
- Perdão. Pensei alto.


                                                                      Gabriel S. C. Bernardi



quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

O autor de alturas

Prédios se erguem logo após o descampado
De longe via meia dúzia de cômodos acesos
Com meias luzes que observo de todo calado

À esquerda as ondas vão ao topo
Por sobre as costas desse corpo

Ou por sobre a costa litorânea e fria?
Sinto na mão uma gota breve de epifania

O sono que já é tanto
Sugere ser a realidade
A base de todo o encanto



Outro pingo na face, outro na orelha
Quando findo uma fase, outra se esguelha



As luzes são confusas e a torrente
Tentando imitar difusa o invisível
É o manto a limitar o consciente

Será que o edifício continua ali?
Alguém me observa e me espera lá?
Já vi que durmo... Algum dia vivi?

Na hora em que o claro serpenteia o escuro
Vejo vasto o espaço por entre os tons

No entanto não é no alto prédio meu futuro
Mas no que tudo faço com meus próprios dons.



Gabriel S. C. Bernardi