Desconfio desses que buscam uma tal felicidade plena.
Desprezo os que morrem em tristes melancolias.
Ser um bobo da corte: a cegueira dos que temem o açoite.
Ser orador do próprio túmulo: fuga e baixeza em acúmulo.
Do que preciso é de uma alegria triste, de um sorriso que sabe o peso dos músculos que lhe erguem e, por isso mesmo, se expressa com tamanha beleza, que o esforço é justificado em cada fibra vitoriosa - uma união de força e gozo tácitos.
Quem sabe uma triste alegria, algo meio nostálgico... Quem sabe também se deseje isso?
A dicotomia - como já deve de ser sabido entre nós - só existe virtualmente.
O que pode ser real sem uma antítese?
O que pode ser iluminado sem produzir sombras?
São constituintes de um mesmo todo.
Perceba, amor: aquele está contido naquele.
O infeliz está dentro do feliz.
"Se fora está a festa, dentro uma solidão in-festa."
Somos as superfícies que sustentam esse "dentro" e "fora".
Gabriel S. C. Bernardi
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